terça-feira, 26 de julho de 2011

Impressões sobre a disciplina 2

Bom, eu gostei muito dessa matéria quanto ao aspecto dinâmico q o professor Romilsson deu a ela, até pq se são os alunos q à fazem pq naum, justamente, colocar isso em prática??Meus parabéns ao professor Romilsson pela iniciativa, e q ela se espalhe tbm - pq não? - as outras matérias do nosso currículo!!Foi  uma pena q as rodas não tiveram tds os convidados q planejamos, mas aqueles q lá estiveram deram conta do recado e foram muito bem!!
Os filmes colocados pelo professor só vieram à acrescentar ao meu conhecimento, e foram muito proveitosos no aspecto de conhecer novos "ares" q naum conhecinhamos.Gostei muito do Laranja Mecânica, i o filme sobre o histórico do movimento Punk! LEGAL!!muito bom!!



            Fernando Britto

sexta-feira, 22 de julho de 2011

AVALIAÇÃO DA DISCIPLINA ETNOLAZER, CULTURA E ATOS DE CURRÍCULO

Estudo na faculdade de educação na UFBA há quatro anos. Reconheço que é de extrema importância nos estudos das disciplinas oferecidas pela faculdade, adquirimos conhecimentos sobre as variadas Correntes de Pensamento Educacional, mas isso infelizmente é estudado em algumas disciplinas sem nenhuma aplicabilidade à prática escolar. Isso sempre foi a minha grande preocupação quando fosse delinear o perfil de educadora para atuar principalmente na sala de aula.  
          Percebo que o currículo do curso apresenta-se dissociado das questões direcionadas a temática de raça, gênero diversidade, juventude tanto pela insuficiência de disciplinas curriculares quanto pela a carência de debates em sala, seminários, palestras promovidas pela Universidade. Portanto, considero importante a disciplina de ETNOLAZER, CULTURA E ATOS DE CURRÍCULO, pois irá contribuir para mudanças na história da educação brasileira, uma vez que propõe ampliar o debate em um espaço acadêmico, onde se faz presente as relações de poder.
 A universidade é um espaço por excelência onde  podemos socializar, construir  e reconstruir conceitos, métodos, abordagens sobre as nossas práticas sociais.  Se dentro dela não conseguimos  romper com o “casulo” , também não mudaremos nossa forma de pensar o mundo.
Para romper com os velhos paradigmas e com um modelo de ensino tradicional que leva muitos pedagogos não sair do “casulo”, é preciso que as mudanças na prática comecem dentro da universidade durante a nossa formação acadêmica.
Também não se pode negar que a escola ainda apresenta uma proposta  pedagógica  distante da realidade do educando, dessa forma recorre ao método de educação bancária (conteudista, currículo padronizado, carteiras enfileiradas, quadro, giz), onde há pouca interação e muita passividade do aprendiz. Além disso, a escola não valoriza e respeita a diversidade cultural levada pelos alunos.Talvez encontramos aí o motivo de tanta repetência, evasão e mau desempenho  escolar, que distancia os alunos do ambiente escolar. O currículo escolar muitas vezes apresenta- se pronto, por sua vez não parte dos interesses e das necessidades dos alunos e tão pouco os mesmos participam da elaboração e escolha dos conteúdos trabalhados na escola. Esse modelo de educação pronto sujeita os alunos, os professores ao papel de copistas, receptores e reprodutores do conhecimento alheio.
A disciplina ETNOLAZER, CULTURA E ATOS DE CURRÍCULO com certeza vai ficar marcada na minha memória e na minha vida acadêmica e profissional, por ser a primeira e a única disciplina que conseguiu fazer algo que  nenhuma outra fez: conciliar a teoria com a prática durante todo o semestre desenvolvendo um trabalho prazeroso, atraente e positivo. A disciplina veio mostrar que é possivel fazer um trabalho na escola sem colocar as  culturas de  forma estereotipada e fragmentadas como é é colocado "dia do indio", "dia da consciencia negra".
Além disso,  a disciplina não reproduziu os formalismos e tradicionalismos da Academia, marcando os estudantes com  a imposição de avaliações de forma arbitrárias como as “benditas” provas e  apresentação de seminários, além disso não se restringiu  apenas em propor debates dos textos cansativos, sem ao menos  preocupar  com o processo de aprendizagem de nós estudantes.
As reflexões sobre a disciplina de me ajudou :  ampliar a visão sobre a minha formação acadêmica; cobrar mais em termos de ampliação de conhecimento; analisar como a “mal pratice” pode acarretar sobre os nossos alunos. Me  ajudou principalmente a pensar que ser educador é estar realmente comprometido com o trabalho e não apenas diplomado para garantir uma vaga no mercado de trabalho. Ser educador é poder olhar os nossos sujeitos aprendentes com um olhar clínico, e poder acolher cada um deles possibilitando enxergar as particularidades e diversidades.

 Clezilda Borges

IMPRESSÕES SOBRE A DISCIPLINA!!!

O nome da disciplina “ETNOLAZER, CULTURA E ATOS DE CURRÍCULO” foi um grande atrativo para mim desde o início, justamente pelo fato de trazer entrelaçado o lazer, a cultura e o currículo. A disciplina foi bastante proveitosa, primeiro pelo docente, ter descrito qual seria a ementa da disciplina informando que a gente teria a possibilidade de dialogar e desenvolver um trabalho consistente e completamente em conjunto, com visitas, filmes e por último a“ Roda de Conversas ”que foi o melhor momento da disciplina, já que a turma teve que trabalhar em conjunto para realizar o evento foi muito consistente e para mim ter participado, foi de fato um grande aprendizado.
E ainda comentando sobre a turma, realmente foi um conjunto de pessoas bastante diversas e enriquecedoras, já que tive o contato com pessoas de diferentes culturas. A disciplina conseguiu de certa forma, com base na tese de doutorado de Romilson, me colocar mais próxima da realidade de pessoas como os skatistas, grafiteiros o movimento punk. Com isso, me fez refletir sobre o lazer e as diversas culturas existentes na nossa sociedade e o quanto elas conseguem proporcionar ao indivíduo aprendizados que a escola não dá conta ou não se interessa em estabelecer para os alunos, deixando a margem o que hoje está emergindo dentro da nossa sociedade cada vez mais e com mais intensidade.
     Como já comentei sobre o filme Laranja Mecânicas e a visita ao Museu Solar do Ferrão, quero expor sobre as “ Roda de Conversas”, que foi realizada em dois momentos, no primeiro tivemos o imenso prazer em receber o  Professor Doutor Roberto Sidnei , que de forma brilhante conseguiu mostrar em poucas palavras como o Currículo das escolas é hoje e o porquê? é necessária a sua mudança para conseguir alcançar as diferentes culturas existentes na nossa sociedade tornando-o de fato nosso, da nossa população, com as nossas características.
O que me chamou a atenção logo de início, na discussão trazida por Roberto foi o significado de Currículo que é uma palavra derivada do latim, cujo significado é o de que corre e se movimenta, e nós sociedade a transformamos em grega, reduzindo a palavra e o seu significado para grade, tornando o currículo preso e grudado. O que nós faz refletir sobre as apropriações por parte de alguns seguimentos da nossa sociedade de teorias, estatísticas, dados diversos sobre determinados assuntos, importando soluções para problemas que muitas vezes não tem nada haver com os nossos.
O professor deixou claro que não existe hoje, um debate sobre como se fazer um currículo, já que pelo fato de determinados seguimentos da sociedade acreditar que a educação deve ser feita de certa maneira e não de outra, ou invés de possibilitar uma maior discussão a respeito, todos se calam e preferem mesmo é importar e deixar o que já foi posto dentro da nossa estrutura educacional.
De acordo com Roberto o Brasil hoje precisa de mudanças em sua estruturação educacional e que isso deve se dá com base na etnopesquisa que é politicamente crítica e que valoriza e entende que as outras culturas também propiciam conhecimentos, trabalhando dessa forma com as pessoas e não sobre as pessoas, entendendo que essas pessoas possuem uma leitura de mundo, uma construção de conhecimentos e interpretação da vida e de valores independentemente de qual tipo de cultura essa pessoa pertença, deixando claro o quão amplo pode ser os meios que se produzem formação e que a cultura de um, pode oferecer muito para a cultura do outro, jamais para dizer que a minha é melhor do que a sua, mas sim que a sua pode completar a minha e vice-versa.
Por fim foi colocado um vídeo sobre uma escritora nigeriana, que apesar de ter nascido na África e durante a infância ter lido muitos livros europeus, não tinha noção da sua própria identidade, no sentido de se apropriar da cultura do outro e não se dar conta da sua, essa nigeriana foi estudar nos EUA e lá teve que lidar de frente com o que achavam que conheciam da sua cultura e mostrou que existe um grande risco em se conhecer apenas uma única história, ou um único lado das coisas.
O vídeo foi muito bom no sentido de conseguir nos mostrar o quanto é importante conseguir conhecer de fato a cultura do outro, direto do outro e não por intermédio de livros, documentários, reportagens, pois esses jamais conseguiram imprimir de fato às vivências, os costumes, as religiões, as relações existentes em um povo, já que são muito amplas e diversificadas.
Por fim em outro momento a “Roda de Conversas” nos trouxe Sérgio do Cordel, Nildete com assuntos sobre Hip Hope e Junior Pataxó. O Sérgio começou a sua explanação recitando um cordel de forma bastante artística, incorporando mesmo aquele personagem, ele nos mostrou o quanto é necessário ser crítico para escrever o cordel e como este pode e deve ser prazeroso de ser fazer, escutar e representar.
O cordel para mim tomou uma amplitude maravilhosa, já que por meio dele a gente pode decorrer por diversos assuntos de forma jornalística e com riqueza de detalhes sobre diversos fatos e acontecimentos do nosso cotidiano ou não. Foi muito bom esse momento com o cordelista, principalmente quando ele colocou que a diversidade cultural é discutida no Brasil através do positivismo, ou seja, acabam por restringir a diversidade sob um único conceito, não se propondo a discutir levando em consideração todos aqueles que fazem parte dessa diversidade, ou seja, o povo.
 Nildete trouxe a sua vivencia do Hip Hopper e o préconceito que sofreu quando adolescente dentro de casa, por estar inserida em família de religião protestante e ter nascido nesse meio e consequentemente pelo pela escola devido a distorção e falta de conhecimento sobre o movimento Hip Hop, por parte da diretora, devido as roupas folgadas que passou a usar para representar o movimento, mostrando dessa forma que devemos primeiro respeitar e depois conhecer e se apropriar do que consideramos diferentes para então podermos criticá-lo, mas jamais julgá-lo ou condená-lo como algo completamente negativo.
Por fim tivemos alguns esclarecimentos por meio do índio Junior Pataxó, sobre a sua tribo e como vivem o seu povo e um pouco da sua cultura, tornando o dia bem movimentado, já que pudemos vivenciar um pouco das danças que são feitas pelos índios para fazer referência á natureza.
Posso afirmar que estou satisfeita com o que foi abordado na disciplina e dizer que gostaria de vivenciar outras culturas ainda por meio dela, já que o tempo é curto e existem diversidades enormes e que precisam ser debatidas, discutidas e entendidas. E inseridas na nossa escola, contribuindo dessa maneira para uma formação completa e integral do indivíduo. Só assim conseguiremos combater o preconceito e viver em harmonia dentro da nossa sociedade.
  Daniele Costa.

ETNOLAZER NO ÂMBITO EDUCACIONAL

Relatório da disciplina Etnolazer Cultura e Atos de Currículo


É interessante notar como o conhecimento se constrói e reconstrói no decorrer da nossa trajetória acadêmica. A disciplina Etnolazer Cultura e Atos de currículo me proporcionou essa dinâmica fundamental para minha formação contínua como educadora. Logo no início da disciplina consegui desmistificar um estigma social – o lazer. Pude considerar que no contexto da indústria cultural atual, o lazer foi vendido e deturpado. Quem nunca viu ou vivenciou espaços para o lazer? Momentos de lazer no trabalho na escola, ou em outros âmbitos sociais? A indústria cultural do lazer o camufla com o objetivo de vendê-lo. O consumo desse pseudolazer está vinculado a obrigação do consumidor dar algo em troca, seja dinheiro, trabalho ou a livre escolha da atividade.

O professor Wilson usou um excelente exemplo em sala para ilustrar isso. Ele construiu um exemplo na época dos escravos, pediu para visualizarmos um senhor de Engenho se reunindo com seus escravos e fazendo um acordo com os mesmos, a fim de aumentarem a produção de sacas e em troca receberiam um dia de folga e tampouco seriam chicoteados, usando sempre no seu discurso a idéia de união e progresso entre o dono do Engenho e seus escravos. Essa ilustração nos permite refletir a cerca do nosso meio ambiente trabalhista atual, dos interesses por trás de horas de “lazer” nessa sociedade e como ele vem sendo vendido para a população de maneira subliminar.

Tive uma sensação de “soltura de algemas”, quando conheci o significado de lazer. Percebi que não se tratavam de momentos comprados, induzidos pela mídia ou vinculado a padrões, mas envolve a liberdade de ações em sua plenitude. A diversão tem que ser desinteressada, nos proporcionando experiências lúdicas de prazer desobrigadas de interesses sociais, trabalhistas, políticos ou religiosos. Por exemplo, há uma diferença entre o jogo de amarelinha na escola (com interferência pedagógica ou com limite de tempo e espaço) de um jogo de amarelinha livre (na comunidade). A gratuidade e escolha pessoal influenciam diretamente no prazer que teremos em desenvolver determinada atividade.


“O fato é que o lazer supõe obrigações, ou seja, para que ele exista é necessário que elas cessem. Outro traço definidor do lazer é o seu caráter desinteressado – que, a exemplo do anterior, também deve ser relativizado, não possuindo fins lucrativos, utilitários, etc.” (CARVALHO, 1983 pp.25)


Para essa sociedade capitalista que valoriza mais o TER do que o SER, a canção de Lenine tem muito para ensinar.

Paciência

Composição: Lenine e Dudu Falcão

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
A vida não para...
Enquanto o tempo
Acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara...
Enquanto todo mundo
Espera a cura do mal
E a loucura finge
Que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência...
O mundo vai girando
Cada vez mais veloz
A gente espera do mundo
E o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência...
Será que é tempo
Que lhe falta para perceber?
Será que temos esse tempo
Para perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...
Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para
A vida não para não...
Será que é tempo
Que lhe falta para perceber?
Será que temos esse tempo
Para perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...
Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para
A vida não para...
A vida não para...

A partir dessa realidade social, a academia é responsável por aprofundar essas questões das áreas de etnolazer. Questões como: Quem somos? Como realizamos? E por quê realizamos? Influenciam o nosso estilo de vida, formando assim diferentes lazeres, culturas, artes etc. Os educadores juntamente conosco (educandos) da disciplina percebemos a necessidade de diálogo entre os currículos vigentes, e em muitas ocasiões desprestigiados ou discriminados pelos vendedores de pseudolazeres. Por isso, foram organizados 2 seminários. nos dias 17/0611 e 08/07/11.

No primeiro dia, foram problematizados os currículos impostos pelos “pensadores” que se consideram os detentores das diretrizes mais adequadas para a educação. Foi mostrado um vídeo de uma africana nascida na Nigéria que foi morar nos Estados Unidos, ela problematiza a partir da sua própria história (desde a sua infância) questões culturais e de estereótipos. Num outro momento ocorreu uma roda de capoeira. A partir daí surgiram discussões proveitosas a cerca dos estereótipos e preconceitos étnicos e culturais no âmbito educacional atual.

Já no segundo dia, consideramos a pluralidade dos lazeres, tivemos convidados que expuseram suas experiências a partir do rap, cordel e a cultura indígena. Aprendemos como conversar com a diversidade vigente na sociedade. Na roda de conversas, foram discutidas as visões e movimentos sociais os quais muitas das vezes são discriminados os estigmatizados pela mídia e consequentemente pela maioria da população, como por exemplo, os punks, os índios pichadores, rappers, cordelistas etc. Assistimos a um vídeo onde mostra um super-herói baiano que nasceu de pichações na cidade, com elementos da nossa cultura bem enraizados.

Enfim, a trajetória nessa disciplina foi de extrema importância no sentido de me fazer refletir a cerca dos pressupostos sociais na definição de lazer, cultura e atos de currículo. Pude refletir as minhas ações como profissional e como inserir e lutar em prol de melhorias na educação como um todo. É claro que essas transformações não são imediatas, mas como conversamos, elas ocorrem a longo prazo e não são mudanças somente legais como também atitudinais. Por isso, temos que lutar para que essas questões sejam amplamente discutidas e repensadas em todos os âmbitos sociais. Conforme Nelson Carvalho, agora é o momento certo para levantarmos essa questão.

“[...] críticas aos equívocos que envolvem o lazer e propostas de reumanização da cultura, na qual o lazer tem que recuperar seu espaço. Será este um tema supérfluo? Tudo indica que não. Tudo aponta para que justamente agora está no momento certo de se levantar a questão, com critério e profundidade”. (CARVALHO, 1983 pp.18)



Laís Silva Reis

=  )

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Etnolazer?! Mais uma "Roda de Conversas"...


     Durante as aulas da disciplina, Etnolazer, Cultura e Atos do Currículo, fez-se necessário absolvermos um pouco da essência do que seria etnolazer, um termo novo e curioso, que faz-nos refletir sobre os grupos etnos e as formas de lazer que cada um deles está inserido, pois o que seria lazer para um grupo pode não ser para outro. Procuramos entender como reflete cada grupo, como eles se relacionam, quais são as suas formas de lazer e o como refletem acerca da violência. Levamos um susto ao assistirmos "Laranja Mecânica"! Captamos falas riquíssimas de sujeitos impressionantes, de carne e osso, e que expressam pensamentos relevantes sobre o tema. E que levou-me a uma curiosidade também incrível, para somar com meu tema de monografia...
     Trazendo à lembrança os vários problemas que a sociedade brasileira enfrenta por causa da violência que faz parte do convívio das inter-relações escolares, entendemos que para viver democraticamente em uma sociedade plural é preciso respeitar os diferentes grupos e culturas que a constituem.
     A sociedade brasileira é formada não só por diferentes etnias, como também por imigrantes de diferentes países, são características culturais bastante diversas e que a convivência entre grupos diferenciados nos planos sociais e culturais muitas vezes é marcada pelo preconceito e pela discriminação.
     Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais “O grande desafio da escola é reconhecer a diversidade como parte inseparável da identidade nacional e dar a conhecer a riqueza representada por essa diversidade etnocultural que compõe o patrimônio sociocultural brasileiro, investindo na superação de qualquer tipo de discriminação e valorizando a trajetória particular dos grupos que compõem a sociedade”. Pensando nesse sentido, a escola deve ser local de aprendizagem de que as regras do espaço público permitem a coexistência, em igualdade, dos diferentes.
Alessandra Góes

E VAI GIRANDO... NÃO PODE PARAR!

A possibilidade de transformar em disciplina a tese desenvolvida pelo professor Romilson foi uma ideia de mestre. Ora, porque engavetar e deixar empoeirar na biblioteca da faculdade uma pesquisa que deu tão certo? Mais do que necessário foi transformar em ação uma boa pesquisa teórica e fazê-la acontecer no currículo da FACED.
O termo etnolazer como um conceito em construção dá a chance de expandi-lo através de novas discussões, não tornando um conceito enrijecido. O etnolazer como um novo campo de estudo nos instigou a pesquisar o que fazem as culturas juvenis em suas horas de lazer.
A discussão sobre lazer foi extremamente relevante já que nos fez compreender quais as concepções de lazer existem nas literaturas acadêmicas, tanto do ponto de vista etimológico, quanto epistemológico. Entender que o lazer pode está presente no nosso tempo livre perpassou a noção de que tempo livre estamos falando, ou seja, daquele desvinculado de obrigações e fins lucrativos. Pudemos perceber que o termo é utilizado em diferentes situações e, além disso, como afirma Marcellino, não há consenso sobre o que seja lazer para os diferentes seguimentos da sociedade.
Através das leituras e discussões de textos, assim como dos filmes e discussões sobre ele é que estabelecemos vínculos entre lazer, cultura e atos de currículo. Macedo e Santos foram importantes autores para tratar dessa relação.  Nossa implicação na disciplina traçou uma maneira muito peculiar de avaliar, esta da qual está sendo feita agora, com as postagens no blog, participação nas discussões e assiduidade nas aulas.
Desde o início de nossas aulas, mesmo sem nos darmos conta, já nos organizávamos em roda. A roda representava a não hierarquia de saberes, a maneira mais sublime de olhar o outro numa mesma posição e compartilhar diferentes conhecimentos. Seguindo nessa perspectiva de aprender sempre através do diálogo, organizamos nossas “Rodas de conversas sobre Etnolazer, cultura e atos de currículo”.
A ideia de sair da “bolha” e explodir no/para o mundo foi justamente o palco principal das nossas inquietações na disciplina. Pensamos em tornar diferente aquilo que quase sempre está estabelecido. Essa re-construção fascinante que como diz Sérgio Bahialista, dá corporeidade e sentido as coisas, moveu nossa atenção e maneira de significar valores. Foi através dessa vontade de fazer diferente e dar vez aqueles que estão “apagados” aos olhos da academia, que surgiu a necessidade de trazer a esta instituição os sujeitos aprendentes de fora da universidade. Sujeitos esses que aprendem e ressiginificam suas aprendizagens através das experiências vivenciadas nas ruas de Salvador: os grafiteiros, cordelistas, cantadores, capoeiristas e quem mais quisesse estabelecer um diálogo e fazer girar a roda de conversa sobre lazer, diversidade cultural e sua relação com a educação.
Por fim, quero deixar claro a minha satisfação nessa disciplina, o meu encantamento pedagógico e humano, em saber que estou concluindo a graduação com a maravilhosa chance de ter participado e contribuído para girar uma mais roda na FACED. Quero parabenizar a todos aqueles que fizeram acontecer e entreteceram ainda mais os laços entre lazer, cultura e educação.

Maiara Damasceno
 Discente, sujeito aprendente, educanda...
 Mas também educadora.


sexta-feira, 15 de julho de 2011

Relatório da disciplina

Este relatório tem como objetivo demonstrar minhas experiências vivenciadas na disciplina Etnolazer, Cultura e Atos de Currículo. Um dos aspectos mais relevantes que posso destacar nessa disciplina foi o diálogo, este exposto de forma aberta e democrática, considerando assim as várias opiniões dos discentes.
Ao iniciar os estudos sobre Etnolazer, percebi como era equivocada a idéia que tinha de Lazer, pois o considerava apenas como um momento de distração. Mas no decorrer das aulas fui me apropriando de alguns termos e conceitos a respeito do assunto e com ajuda dos professores envolvidos com a disciplina pude entender que Lazer para ser definido precisamos considerar alguns aspectos como: Tempo,Atitude(desobrigada/acesso voluntário), Espaço (subjetivo), e Direito Social. Além disso, o Lazer não é um fenômeno unidirecional, ele não é a ludicidade e sim capaz de gerar experiências lúdicas.
Outro momento relevante dessa experiência foi construir a disciplina com todos da sala, esse método foi excelente, pois os componentes da disciplina puderam opinar ou discordar sobre qualquer assunto, sem nenhum tipo de constrangimento. A forma didática estabelecida pelo professor permitiu não só a mim, mas a todos da sala de aula, a ter uma visão diferenciada de ensino principalmente para nós que seremos professores. Sua forma de se expressar e permitir que o aluno intervenha a qualquer momento, sem ter medo do autoritarismo encontrado em alguns professores, me fez enxergar uma possibilidade de ser diferente como professora.
No final da disciplina pude ter o privilégio de participar da construção de um evento para a faculdade, na qual este resultou em aprendizagem a partir das experiências dos envolvidos no evento denominado de Roda de Conversa. Durante os dois dias compreendi questões relacionadas ao currículo, a literatura de cordel e as contribuições indígenas para a sociedade, todas as discussões foram significantes para o aperfeiçoamento da aprendizagem.
Enfim, esta disciplina contribuiu para que eu tenha uma visão diferenciada de Lazer e também dos movimentos populares, estes expostos pelo professor em sala de aula de forma clara e objetiva, demonstrando que os mesmos possuem uma cultura que deve ser valorizada e respeitada.

Aluna: Renata Ferreira de Freitas

SAUDADE DE TUDO QUE AINDA NÃO VIVI...

Eder Muniz/Calangos de Rua
Ao me deparar com o componente curricular Etnolazer, Cultura e Atos de Currículo no conjunto de disciplinas disponíveis para o semestre de 2011.1 surgiu-me várias interrogações. Do que se tratava essa disciplina? Qual o tema central? Quais os seus objetivos? Os dois últimos termos, cultura e atos de currículo, eram conceitos conhecidos para mim desde o início da graduação. Contudo etnolazer era a novidade, o chamariz. Um termo totalmente novo que nem se quer tinha ouvido pronunciar. Assim, me matriculei na disciplina movida pela curiosidade, no sentido de sanar as minhas indagações em torno da temática.

No primeiro dia de aula, a simbologia presente na maneira de vestir e nos demais signos imagéticos presentes na figura do professor Romilson me chamou a atenção por diferir da maioria dos professores da Faculdade de Educação/ UFBA. Admito que em certas ocasiões as aparências possam falsear a realidade e enganar os sentidos. Entretanto os símbolos externos podem sim indicar personalidades. Vi na figura do professor Romilson, ou melhor, do “Romis”, como gosta de ser chamado, um contra hegemônico dentro de uma Universidade majoritariamente tradicional que resiste em contemplar outras formas de conhecimento. Na apresentação da disciplina muitas de minhas indagações começaram a ser esclarecidas.  


As aulas se configuraram como espaço privilegiado de trocas entre os sujeitos aprendentes implicados com a disciplina, ou quando mais, espaço de experiências do lazer, a exemplo da visita ao Solar do Ferrão, a exibição do filme Laranja Mecânica e do documentário Botinada. As Rodas de Conversas foram o ápice da disciplina e contou com a participação do professor Roberto Sidnei, do cordelista e educador Sérgio Bahialista e da educadora Josenilda Débora, integrante do movimento Hip-hop.

Neste período, apesar dos impasses que tive por conta do trabalho/estágio, pude me aproximar dos estudos em torno da inter-relação Etnolazer e Cultura e de como essa fusão pode se transformar em práticas educativas, em atos de currículo, em referencial identitário dentro e fora da escola.

Pude refletir e problematizar a questão da “lazerania”, ou seja, da possibilidade de apropriação do lazer, como um tempo e espaço para a prática da liberdade, para o exercício da cidadania e propriamente do etnolazer, conceito em construção que remete a idéia de um processo formativo de grupos distintos, (grafiteiros, punk’s, grupos de samba de roda, capoeiristas, cordelistas, etc.), que baseados no “ethos” criam estratégias de exercer a lazerania, de expressar suas subjetividades, de exaltar o sentimento de pertencimento étnico, de valorização da ancestralidade. Reinventando o “óbvio”, o racional, extravasando as energias, a insatisfação a rebeldia por meio das artes plásticas, da música, da dança, da coporeidade, substituindo o enrijecimento social, característica própria da cultura européia pela ginga africana, pelo encantamento indígena. Ainda que sem repercussão social, numa mídia suja, hipócrita, que atende, sobretudo aos interesses do capital, sobrevivem grupos de resistência que persistem com suas ideologias batendo de frente com o que é imposto.

Ao longo da disciplina, como fruto das minhas reflexões, cheguei à lamentável conclusão que na conjuntura atual da minha vida falta-me tempo para exercer o meu direito ao lazer enquanto cidadão. Detesto o jargão “Tempo é dinheiro”, porque remete a esse sistema capitalista que exalta valores deturpados. Nessa realidade o SER não faz sentido e me lembra uma frase que vi grafitada em um dos muros da cidade: “Ter ou não ter, eis a questão”. Falta-me tempo para expressar minha subjetividade, de criar e reinventar meu suposto “tempo livre” seguindo as minhas crenças, os meus valores do meu grupo étnico, social, cultural.

Sinto-me lesada por esse sistema econômico cruel, injusto e desigual que define o lazer pleno para os ricos e milionários desse país. Dos que podem fazer altos investimentos financeiros para usufruírem dos bens simbólicos, materiais e naturais, tidos como patrimônio da humanidade. Para a maioria da população sobram as migalhas de um lazer assistencialista, filantrópico, resultado da omissão do governo que se desresponsabiliza frente às questões do lazer, ficando a cargo do terceiro setor, ONGs, dos grupos religiosos e das instituições sindicais. Os chamados, “Lazer Solidário e Lazer Filantrópico”. (MASCARENHAS, 2003).

È preciso aceitar as ricas contribuições das matrizes indígenas e africanas que nos ensinam e propõem outras formas de sociabilidade. È preciso trabalhar com a multirreferencialidade propondo “que a análise se dê a partir de múltiplos sistemas de referência, poesia, arte, política, ética, religião, ciência – igualmente significativos, todos irredutíveis uns aos outros e sem pretensão de síntese, de conhecimento acabado” (FRÓES BURNHAM e FAGUNDES, 2001) nos espaços formativos. Sem dúvida a disciplina Etnolazer, Cultura e Atos de Currículo é uma conquista na FACED/UFBA, nem que seja para causar estranhamento, reflexões, debates, revolta e porque não, mudança de mentalidades. Reconheço as transformações e os avanços por que vem passando a sociedade brasileira em relação à aceitação da diversidade, da pluralidade étnico-cultural e do repensar das condições de igualdades de direito. Mas ainda temos muito que avançar.

A participação da juventude nessa mudança de paradigma social é bastante tímida, como se estivéssemos em um estado de inércia, diferente da década de 80, com a  efervescência do movimento punk, em que as trocas de informações ainda que limitadas, promoveram uma verdadeira revolução. A massificação das tecnologias da comunicação e informação que poderiam se tornar ferramentas poderosas em favor da juventude é muitas vezes alienada e domesticadora. Não sou extremista a fim de não reconhecer a legitimidade dos movimentos que "existem", ou "resistes", em pontos focais. Sou descendente de negros quilombolas e indígenas revoltosos. Em busca do legado, adentro as brechas que me sobram. Ainda bem que moro na Bahia, aqui tem o mar, praia e pôr do sol, mas não é o suficiente. Sinto uma espécie de saudosismo, um  banzo, uma saudade de tudo que ainda não vivi.



Yêda Maria
Graduanda em pedagogia
yeda_mariab@hotmail.com


quinta-feira, 14 de julho de 2011

Expressar Através dos Sentidos

Desde o ínicio sabia que mais seria revelado no que diz respeito ao conteúdo do etnolazer, cultura e atos de currículo. Descobri que carregamos um saber valioso, dinâmico, carregado de ancestralidade e que se manifesta no ser quem somos de diferentes maneiras. O conjunto de ações que nos torna parte de algo e nos leva a vivênciar determinadas experiências coletivas de caráter lúdico ou formativo consolida e reforça a idéia do "etno" em minha vida, espaço de tempo que eu utilizo para conhecer, participando de tudo aquilo que me parece sensato, belo, justo, prazeroso, emocionante, transformador e etc...

No desenrolar dos diálogos que tivemos, filmes, textos, debates e elaboração das rodas de conversa que foram mediadas por nosso Mestre, o Prof. Dr. Romilson santos, acredito eu que nem tudo apreendi, mas tudo senti na essência. Digo isto porque todos nós sabemos que existe algo mais forte que nos atrai em determinados assuntos e em outros não, é assim com nossas escolhas, eu optei conscientemente me envolver. Experimentei um pouco de cada objeto estudado, me aproximei de alguns, estou grudado em outros, deixei que nenhum passasse despercebido por valorizar a idéia multirreferencialista, que foi esboçada inicialmente por Jacques Ardoino professor da Universidade de Vincennes, em Paris, e aponta para o reconhecimento da complexidade e da heterogeneidade que caracterizam as práticas sociais. O plural, suas cores, línguas e territórios foram por nós desbravados enquanto durou nossos encontros. Estabelecer novas relações entre as particularidades do tradicional e o novo com sua vertente cibernético-tecnológica e utilizar isso como ferramenta no nosso tempo, para educar, entreter e mobilizar o povo no sentido de reconhecer a tradição e valorizar as culturas identitárias, também foram possibilidades que surgiram com os debates nas rodas.

A forma de um determinado grupo se organizar para simplesmente desfrutar o momento, também é uma experiência cheia de inconscientes, ou não, atos políticos ritualizados. (é o que vejo em toda parte agora!) rodas de samba, capoeira, cantadores, o movimento hip-hop e tantas outras manifestaçoes populares demonstram o que querem aqueles atores socias, com a leveza da arte que pode ser rebelde na hora da dor, porém pacata no seu íntimo. Os sujeitos se implicam em determinada causa, se instrumentalizam ideológicamente, através dos batuques, rimas, cantos e lamentos entoados na oralidade que os educa para a caminhada na selva de pés descalços como assim fazem os índios, mestres da agricultura, caça e pesca sustentáveis, do artesanato, da pintura e tantas outras coisas que nós por vezes tentamos ensiná-los com os "nossos métodos". As minhas cicatrizes elucidam o porque que Eu sou Eu e atuo dessa forma, nenhuma avaliação pela qual passei levou isso em consideração, meu Eu não pior nem melhor que o Seu é fruto de um processo longo de aprendizagem que me fez sorrir e chorar, Eu reconheço o meu valor, mas você que nota me dá?...

Parece até poesia, e porque não...Ora!

Nas rodas em que passei sempre levei o que de bom achei, que a mim caia bem. já joguei pernas pro ar, pro meu santo orixá, ajoelhei! e por falar em sambar, sambei! subi ladeira e desci  morro. vi de lá meu povo todo encantar com seu gingado o que podemos chamar de malandro atrapalhado, esse poeta abestalhado. Negro carregado na raça, branco de pirraça e índio assim naturalmente nú. Despido desses conceitos admito desde cedo que Tu és tão cheio de graça quanto Nós.
Se algum dia precisar e quiser vim cá buscar te dou. O verdadeiro valor, maior nobreza de um nagô, que é o AMOR do etno em flor. Não sei se consigo expressar, mas de sentir quase morro a força desse misturado: Poesia, Cordel e Rap que de mim desabrochou. Mando um salve pra encerrar e tupã abencoar a quem comigo caminhou.

fico por aqui e espero ter colaborado,
Cauê de C. Rodrigues
Estudante de Educação Física - UFBA
e tantas outras coisas...         

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Relatório do componente curricular EDC C97 – TEE Etnolazer, Cultura e Atos de Currículo

Entretecendo o Etnolazer

Este relatório tem como objetivo expressar relevantes considerações resultantes das apreciações, por mim realizadas, nos vários encontros ocorridos durante o curso da disciplina “Etnolazer, Cultura e Atos de Currículo” que é ofertada pela Faculdade de Educação (FACED) da Universidade Federal da Bahia (UFBA).  Aspectos que foram analisados levando em consideração o propósito do diálogo aberto para a construção da noção de Etnolazer, entendida como uma manifestação multirreferencial no estudo dos grupos culturais diversos em suas relações com os atos formativos do sujeito aprendente.
Refletir a respeito do Etnolazer e Cultura é levar em consideração a existência da diversidade cultural, algo que entendo como sendo a riqueza e a variedade do mundo natural. Natural no sentido de que todos somos seres pertencentes a um mecanismo no qual as nossas necessidades de sobrevivência são as mesmas independentemente de etnia, afirmação identitária ou segmento social. É importante salientar que essa diversidade cultural advém de um processo muito peculiar na formação dos povos no qual o aspecto mais significativo encontra-se na miscigenação decorrente da “união” das três matrizes: o negro, o índio e o branco.
Uma educação que tem como objetivo o respeito à diversidade, à diferença deve sempre direcionar-se para a construção de conhecimentos e realização de ações que proporcionem e valorizem o desenvolvimento integral e pleno das potencialidades de todos os indivíduos pertencentes aos mais variados grupos culturais. Nesse contexto, o etnolazer procura identificar elementos que nos permite refletir sobres os aspectos formativos dos indivíduos inseridos ou não nos espaços educacionais por meio dos atos de currículo. Atos estes que precisam entrar em sintonia com as culturas tradicionais e com aquelas que emergem a fim de dialogarem constantemente rumo ao fortalecimento e amadurecimento das idéias propostas pelo que se entende por etnolazer.
A necessidade de fomentar o diálogo acerca do lazer a fim de contribuir com discussões na construção da noção do etnolazer nos possibilitou uma variedade de experiências. Um desses momentos de vivência foi à visita ao Centro Cultural Solar Ferrão: magnífico espaço de arte, cultura e memória localizado no bairro do Pelourinho, Salvador-Bahia. Nesse foi possível presenciar importantes exposições como, por exemplo, a fantástica “Panáfrica” ou “Sete Áfricas”, que revelam a pluralidade e o refinamento da produção artística africana numa espécie de viagem às raízes culturais do Brasil, além de retratar o olhar africano a respeito dos “povos invasores”. Trata-se de uma exposição com vasta coleção doada pelo industrial italiano Cláudio Masella ao governo do Estado da Bahia, em 2004.
Outro momento que deve ser citado foi quando houve a exibição do filme Laranja Mecânica, que nos mostrou uma realidade ainda chocante, apesar de ter sido lançado na década de 70. Um filme revelador que se apóia na psicologia para tentar entender os aspectos geradores da violência. Esta ora praticada por um grupo de jovens, que possivelmente seriam rotulados como delinqüentes, ora praticada pelo Estado na tentativa de “curar” a violência usando mecanismos nada convencionais.
A disciplina “Etnolzer, Cultura e Atos de Currículo” permitiu também a desconstrução de algumas idéias a respeito de determinados grupos da sociedade, por exemplo, a cultura punk. Esta tem como algumas de suas características o princípio da autonomia, o interesse pela aparência agressiva, a subversão da cultura. Ou seja, um novo tipo de comportamento que trouxe novas expressões lingüísticas, símbolos e códigos de comunicação.
Assim entende-se o etnolazer nas suas relações com a cultura e os atos de currículo mediados pelos estudos dos comportamentos particulares de cada tribo cultural sejam punks ou hip-hop, sejam grafiteiros ou cordelistas. Podem ser citadas ainda as manifestações populares encontradas nos grupos de capoeira, nas culturas híbridas, enfim, na etnomúsica buscando por meio dessas e outras expressões culturais estudá-las,

em seu éthos formativos, através de expressões, vibrações, vivências e experiências culturais, desenvolvidas pelos sujeitos em seus cotidianos, realizadas em seu tempo livre buscando privilegiar o aspecto ontocultural do lazer, em seu sentido pleno de licitude. Ao ter a idéia de cunhar este termo tomamos como base os etnométodos pelos quais as pessoas criam e recriam suas próprias culturas de lazer” (SANTOS, R. A. 2010).

Desse modo, por meio do diálogo aberto foram realizadas duas rodas de conversas com presenças ilustres que contribuíram sistematicamente para noção do etnolazer. Essas rodas de conversas motivaram discussões que abrangeram desde as relações do etnolazer com a identidade cultural até as concepções que envolvem a educação, o etnolazer e a diversidade cultural.
Na primeira roda de conversa fomos contemplados com a presença do Profº Drº Roberto Sidnei Macedo (UFBẠ). Nesta foi possível apreender que desenvolver atos de currículo centrados em apenas uma única história é um erro muito grave para a formação de sujeitos aprendentes e viventes numa sociedade tão pluricultural. Isso porque as culturas jamais podem ser hierarquizadas. A valorização deve estar presente em todo o tipo de cultura seja ela a clássica, a tradicional e até mesmo a popular. Todas são dotadas de saberes que, de certo modo, contribuem fortemente para a construção do conhecimento. Destarte, devemos estar aberto a todo o tipo de diálogo para que sejamos cada vez mais possuidores de uma visão critica da sociedade. Crítico no sentido de conhecer, entender, reconhecer e respeitar esse Multiculturalismo fortemente presente no mundo que vivemos.
Na segunda roda de conversa fomos agraciados pela presença do cordelista e professor Sérgio Bahialista (Cordel pendurado na urbanidade da educação), Josenilda Débora (Nilldinha – Educação e Hip Hop) e também com a participação de Júnior Pataxó (Culturas Indígenas e sua relação com a educação). Nesse encontro, foi possível apreender o propósito do cordel, o trabalho do hip hop em proporcionar reflexões sobre o contexto cultural do negro e sua relação com a educação e a sociedade, e por fim, o fascinante mundo cultural dos indígenas que muito significaram (e ainda significa) para a formação do povo brasileiro.
De fato foi um encontro no qual se evidenciou as características da literatura de cordel como um movimento que busca a quebra da linearidade da prática pedagógica baseada no pensamento positivista (uma única concepção de cultura). Essa quebra deve-se ao encantamento que o cordel nos oferece por permitir a entrada no mundo simbólico, no faz de conta, na imaginação e criatividade sempre buscando novas corporeidades – trazer uma “descolonização” para ter um novo olhar sensível para a diversidade cultural.
Assim, o cordel traz um novo saber nessa contemporaneidade em que os conceitos, os paradigmas vão sendo quebrados. Trabalha-se agora com noções buscando novos sentidos levando em conta a pluralidade cultural, a diversidade cultural existente em nossa sociedade. Culturas que outrora foram negadas por conta do etnocentrismo, ou até mesmo por conta dos currículos fundamentados na visão eurocêntrica.
Vale ressaltar, também, que o cordel funciona como instrumento de mobilização social graças ao seu caráter maleável, flexível no que se refere ao teor dos seus escritos a fim de nos fazer repensar a respeito de uma nova prática pedagógica sem a rigidez fabril de moldes depositários de conteúdos.
Quanto ao hip hop, entende-se que é uma manifestação cultural que nos proporciona a reflexão acerca da visão do negro no mundo. É um meio de reconhecer a sua importância na formação da sociedade, principalmente, a brasileira que tem como característica a imensa riqueza cultural, conseqüência da diversidade do seu povo.
É de suma importância o trabalho do hip hop com as crianças, principalmente as crianças negras, por entender que elas se encontram em processo de formação identitária e podem se tornar multiplicadoras desses ideais na sociedade em que vivem. Ou seja, fazer com que essas crianças tenham orgulho de assumir a sua identidade enquanto sujeito pertencente àquela etnia, além de quebrar o preconceito em torno do movimento uma vez que suas letras evidenciam esse orgulho e buscam a mobilização social.
É através desses propósitos que o etnolazer vem se consolidando como um conceito em construção graças à receptividade e à abertura dialógica que mantém respeitando sempre a diversidade cultural em seu éthos formativo – sua fonte de estudo – e, baseando-se constantemente no aspecto multirreferencial como fomento das suas análises. Sem dúvidas esses dois encontros, assim como as aulas, traduziram-se em momentos de inesquecíveis expressões fundamentais para esse caminho que ao ser trilhado solidificará as bases da noção do etnolazer.
Enfim, foram experiências enriquecedoras e que contribuíram bastante para o meu desenvolvimento enquanto sujeito aprendente da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e, principalmente, enquanto pessoa, ser humano que busca cada vez mais um olhar sensível para todos os grupos culturais nas suas mais diversas expressões. Isso por entender o quanto é importante o respeito à particularidade e à diversidade cultural, às concepções de lazer dos grupos culturais, enfim, entender que fazemos parte de um multiculturalismo tão forte e evidente, o que nos torna seres contemplados com tamanha riqueza.

Obs.: A citação inserida neste relatório com a referência SANTOS, R. A. 2010, é de autoria do Profº Drº Romilson Augusto dos Santos – professor do componente curricular EDC C97 – TEE Etnolazer, Cultura e Atos de Currículo.

Autoria: Kleriston Conceição - Sujeito educando implicado com o componente curricular EDC - C97 Etnolazer, Cultura e Atos de Currículo dos cursos de Pedagogia e Educação Física - FACED/UFBA.

terça-feira, 12 de julho de 2011

OS VÍDEOS DAS RODAS DE CONVERSA

O vídeo "O perigo de uma única história" mostrou a coragem e determinação de uma pessoa que enfrentou obstáculos para ocupar sua posição atual. Mas o importante disso é que mesmo com as dificuldades, dentre elas destaco o preconceito racial, a personagem soube como discutir esse tema de forma séria, apontando as reais divergências impostas pela sociedade quanto a esta questão. Já o vídeo "Herói da Bahia" trouxe ao mesmo tempo um lado cômico e denunciador, lado cômico porque as imagens e as cenas foram abordadas de forma divertida e também denunciador pois através da comédia problemas  da sociedade como a violência foram tratados com muita clareza.

De: Renata Ferreira de Freitas

Vídeos - Rodas de Conversas!

Vídeo apresentando na Roda de Conversa realizada no dia 17/06/2011 cujo tema foi "ETNOLAZER E SUAS RELAÇÕES COM A IDENTIDADE CULTURAL".

Chimamanda Adichie: O perigo de uma única história - Parte 1

 

Chimamanda Adichie: O perigo de uma única história - Parte 2

 


Vídeo apresentando na Roda de Conversa realizada no dia 08/07/2011 cujo tema foi "EDUCAÇÃO, ETNOLAZER E DIVERSIDADE CULTURAL".

 Herói da Bahia! Super Ninguém o caboclo ancestral guerreiro

Gira, Gira, Roda, Roda e este etnolazer não para de contar histórias...

Vamos discar esta chamada e para tanto precisamos de um DDD ,aquele que eu, você e todos nós conhecemos.Os três : DIVERSIDADE , DIFERENÇA E DIREITO.
JÁ OUVIU FALAR?? fazem parte da nossas vidas e das nossas histórias e não podemos viver sem eles.
 A diversidade por muitos defendida nos nutre, a diferença da forma a nossa identidade e o direito nos legitima nesta sociedade.
Legal seria se estes, fossem uma força motriz a impulsionar todas as atividades da escola e além de qualquer manisfestação educativa e cultural.
As rodas de conversas na qual participei , me deram uma sensação de pertencimento e de que ainda temos salvação , desculpe a expressão, para as mazelas que assolam as instituições educativas e  as vidas de nossos aprendentes.Quando escuto relatos de violência e evasão e comparo com as iniciativas realizadas por alguns sujeitos que já imcorporaram o conceito de etnolazer, percebo o quanto esta proposta dos três D(s) pode de fato funcionar e permitir uma luz no fim do tunel, parece um desabafo, mas é mesmo por que a realidade nas escolas em muitos casos nos causam tristeza.
Já é a hora de termos alegrias e proporcionar alegrias para os outros, afinal o espaço escolar não é só feito pelos alunos, mas por todos nós.
lFaça esta chamada pode ser a cobrar ou com bônus, mas não vamos esquecer de "ligar".rrsrsrsrsrs

bujs de uma fada
FERNANDA ALMEIDA

Visita ao Centro Cultural Solar Ferrão!!


Por Vanessa Bento

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Vamos contar uma história...

    Contar história é dialogar em várias direções: na da arte, na do outro, na nossa!
  Os objetivos podem mudar- é RECREAR, é informar, é transformar, é curar, é apaziguar, é integrar, podem se alternar, mas nunca acabar com o prazer de escutar! De participar! De criar !
(Celso Sisto)

  A minha história com a matéria de Etnolazer, Cultura e Atos de Curriculo se deu de uma forma bastante satisfatória(em minhas leituras), pude viver bons momentos de aprendizagem e mudanças reflexivas no decorrer de minha formação, que diga-se de passagem entorno da graduação chega ao fim nesse semestre.
  A minha matricula na matéria só se deu após assistir a minha primeira aula de Recreação(que é ministrada pelo mesmo docente de Etnolazer).
  Bom, após ver a sua tão apaixonada defesa de suas idéias entorno das duas matéria quis fazer parte da  história da reconstução das mesmas( já que por motivos de Doutourado, o professor encontrava-se de licença para desenvolver seus estudos).
  Após, a minha inserção na matéria, a cada aula assistida pude analisar os meus conceitos entorno do lazer, da cultura e do posicionamento da instituição escola entorno dos sujeitos e da cultura.
Nesse processo tive a imensa vontade de recrear, contribuir, participar, escutar, criar juntos tudo o que foi proposto pelo professor Romiss, principalmente no que diz respeito aos seminários, pois acredito que a Universidade é o local de reflexão, construção, recontrução e reavaliação de nossas praticas profissionais.
  E nesse movimento, a cada aula assistida novos conhecimentos, novos olhares entorno da cultura e da diversidade.
 Lembro da primeira aula em que foi feito a reflexão do termo lazer, que trouxe-me conhecimentos que até então tinha um conceito deturpado. O professor Wilson que no dia assumiu a aula me fez uma pergunta que me martelou por alguns dias. O que é lazer? Após a exposição que fez percebi que tinha um ideia errada sobre o conceito.
  Mas, também não posso deixar de registrar do dia que assitimos ao filme Laranja Mecânica, que me caiu feito uma bomba, um choque literalmente, nesse dia confesso que fiquei enfurecida com o Professor Romiss, pois o filme me abalou muito de verdade.Porém, após passar o abalo pude refleti um pouco sobre o filme.
  Também tivemos a uma visita no centro histórico, em que refleti um pouco sobre a diversidade cultuural que dispomos. A nossa visista foi feito no Solr Ferrão e lá há uma diversidade de produções culturais. Mais o que muito me tocou foi a exposição de Caribé, as obras inacabadas e o atelier me fez ver como ela já era um artista etnográfico, já que não era brasileiro, pintou a Bahia de uma forma muit profunda, demostrando o como conhecia a Bahia.
Bem, muitos foram os momentos em que "devorei" a matéria, se for citar cada instante, esta postagem passa a ser um diário, mais como estamos tratando de conversas em Roda, ou Roda de conversar? Não importa, o que percebo é que de fato o objetivo de se socializar os conhecimentos que permeiam o lazer e o curriculo foram atingindos.
As construções dos seminários se deram num clima de cooperação e envolvimento por todos que de fato estiveram implicados, o envolvimento do professor foi de fato intenso, o que nos deixava subjetivamente avisados do quanto era importante para ele aquela construção.
  Pois, quando refletimos, em seguida mudamos a nossa postura e mudança de postura é curriculo também!
Desde, já agradeço a todos colegas pela troca de conhecimento e por juntos vivermos a matéria. 
Ao professor Wilson, muito obrigado pela contribuição na materia, por ajudar a construir o que vivemos nesse semestre.
  Ao professor Romilson, meu muito obrigado! Por contribuir em minha formação acadêmica, concerteza valeu muito a pena, optar por viver essa história. A sua dedicação e profissionalismo não podem deixar de ser parabenizada, a sua paixão pelo que se propõe a fazer é notoria.
Enfim, concluo aqui o meu relato, mais não a minha história com Etnolazer e Atos de Curriculo.
Muitos beijos, a todos!
Vanessa Bento








domingo, 10 de julho de 2011

Roda de Conversa

No dia 17/06 iniciamos a nossa roda de conversa que foi uma experiência diferente daquelas que vivenciei no ambiente acadêmico, pois a relação tanto do professor quanto dos alunos envolvidos neste projeto foi ao meu ver satisfatória, e me fez entender ainda mais um trabalho em equipe e o comprometimento que se deve ter ao fazer parte de um trabalho como este idealizado por Romílson e construído por todos nós.
 Neste dia contamos com a presença do professor Roberto Sidney que abordou  questões relacionadas ao currículo, fazendo com que os sujeitos aprendentes participassem de forma ativa na discussão do assunto. Já no dia 08/07 os convidados trouxeram experiências do Cordel, hip hop e indígena, que juntas possibilitarm uma discussaõ consistente sobre o assunto. Mas quero aqui deixar o meu encantamento pela literatura de Cordel que com sua forma brilhante de se expressar traz denúncias e questionamentos de uma realidade vivida por todos nós e não apenas algo de forma fictício.

De: Renata Ferreira de Freitas

Centro Cultural Solar Ferrão

Centro Cultural Solar Ferrão

O centro cultural Solar Ferrão é um espaço dinâmico de arte, cultura e memória que abriga três importantes coleções: de arte sacra, do Museu Abelardo Rodrigues; de arte africana, da coleção Claudio Masella; e de arte popular, da coleção Lina Bo Bardi. Essas coleções possibilitam um diálogo entre as matrizes indígenas,africanas e portuguesa. Por está localizado no Pelourinho, Centro Histórico de Salvador, o museu é bastante visitado tanto por turistas quanto pessoas e estudantes da cidade.
A visita ao local me fez enxergar uma realidade diferente, pois presencieie esculturas belíssimas com significados fortes para quem estava na posição de observador como me coloquei naquele espaço. Enfim, as expressões em cada coleção me deixou encanta com a riqueza de informações, podendo fazer assim uma relação com o passado e o presente.

Museus do
De: Renata Ferreira de Freitas

Filme: Laranja Mecânica

O filme Laranja Mecânica demostra a vida de um jovem, chamado Alexander DeLarge, que possuía desejos diferentes do que poderíamos comparar com um jovem da sua idade. Ao mesmo tempo que gostava de ouvir músicas clássicas de Beethoven, sentia prazer em praticar estupro e muita violência. Era o líder de uma gang  que costumava invadir casas e espancar idosos, violentando assim as pessoas sem qualquer restrição.
Mas, ao ser capturado pela polícia durante um assalto que levou a vítima a óbito, Alex passa a vivenciar a rotina de uma prisão, que possui regras e certos limites que antes desconhecia. Após ter cumprido dois anos de prisão, ele é liberado para se submeter a um tratamento denominado Ludovico, uma terapia experimental de aversão, desenvolvida pelo governo como estratégia para deter o crime na sociedade.
O tratamento consiste em presenciar formas extremas de violência sob a influência de um novo soro, como ver um filme muito violento.O personagem é incapaz de parar de assistir, pois seus olhos estão presos por um par de ganchos, que só consegue ficar parado por que é drogado antes de ver os filmes, para que associe as ações violentas com a dor que estas lhe provocam.O tratamento  provoca uma reação positiva na visão dos médicos pois o paciente se torna incapaz de qualquer ato de violência ,não conseguindo desta forma tocar uma mulher nua, nem ouvir a 9ª Sinfonia de Beethoven, que era sua peça favorita e que de uma certa forma o encorajava.
Ao se deparar com a realidade, após sair da prisão, Alex enfrenta os sentimentos de abandono por parte de seus pais e  a depressão. Porém, o personagem apesar dessa fase pós tratamento ter sido tão difícil, encontra razões para se sentir curado e assim voltar a pensar nos atos de violência.
O filme demonstra a realidade de um época que não se distancia dos tempos atuais, pois a violência está crescendo a cada dia  e os jovens ocupam uma parcela considerável quanto a essa questão. No decorrer do filme pode-se verificar atos impetuosos do personagem, não se preocupando com a privacidade e o respeito ao outro. Além disso, ocorrem impunidades, falta de regras, abandono,desamparo etc, por parte de vários personagens, transmitindo desta forma uma visão de sociedade que precisa ser revista e pensada tanto por parte daqueles que praticam a violência quanto aqueles que são violentados.

De: Renata Ferreira de Freitas

LAZER E REFLEXÃO PESSOAL TEM UM SENTIDO DE SER.

Foi realizada no dia 06/05/2011 uma visita ao Museu Solar do Ferrão que fica situado no Centro Histórico de Salvador, lá pudemos ver as obras de Hectir Julio Paride Bernabó ou como de fato ficou conhecido o Carybé, apesar de argentino ele estabeleceu residência no Brasil e naturalizou-se brasileiro, ele foi pintor, gravador, desenhista, ilustrador, ceramista, escultor, pintor de murais, pesquisador, historiador e jornalista. No museu podemos ver algumas de suas obras e uma parte do que teria sido o seu ateliê. As obras de Carybé para mim retratam o cotidiano da nossa população, por isso a gente pode observar pessoas nas ruas, em casas, com animais ao redor, ou então em contato com a natureza.
A visita me permitiu realizar uma análise reflexiva sobre a minha pessoa da forma mais íntima e pessoal possível. Já que no primeiro momento, quando me deparei com os quadros me veio logo á cabeça que pornografia, pelo fato das obras representarem mulheres sem roupa, o que me fez refletir sobre o real significado de sexo e da sexualidade, devido a minha criação protestante e ao fato desse tipo de imagem ser abominada dentro do que eu vivenciei por muitos anos, eu acabo ainda por vezes raciocinando de forma machista e preconceituosa.
Consegui conversar muito sobre essa minha forma de pensar, com uma amiga da turma que me fez ver a diferença entre sexo e sexualidade e isso é um processo que vai ser construído aos poucos dentro de mim e que tenho que estar aberta a essas manifestações artísticas pelo simples fato delas tentarem reproduzir a nossa sociedade independente de como seja, a gente tem que aprender a respeitar o autor e a sua obra e antes de tudo procurar nos interpretar para então conseguirmos alcançar um pouco do que aquele ou qualquer outro artista gostaria de retratar. Acredito que de modo geral a arte observada no museu, permitiu que eu conseguisse ver, refletida naquelas telas muito mais coisas do que de fato estavam ali retratadas, partindo de mim para diretamente o que estava retratado.  Sinceramente independente de procurar respeitar e tentar entender, para mim a visita teve mais sentido pelo fato de me colocar em reflexão pessoal sobre a minha sexualidade, conseguindo atingir o seu objetivo como arte que é o despertar dos nossos sentimentos.  
            Além das obras de Carybé pudemos observar a exposição Pana-África, trazido por outro artista que retratava as mascaras que eram usadas pelas tribos da África. Sinceramente não me chamou a atenção e não me identifiquei com esse tipo de arte. Fiquei completamente absorvida pela minha descoberta pessoal e comecei a pensar muito sobre isso. Fiquei muito satisfeita com a visita pela oportunidade de possibilitar essa reflexão, e acredito que de fato a arte tem esse poder de nós trazer uma reflexão, uma identificação, um sentimento. Vivenciei essas experiências e para mim foram bastante reveladoras.  Por isso, devemos incentivar mais as visitas ao museu e a locais que retratem a arte de modo geral para que dessa forma possamos ver pelos olhos do outro a nossa realidade social ou até mesmo a pessoal.
Revelador hein??
Daniele Costa