Estudo na faculdade de educação na UFBA há quatro anos. Reconheço que é de extrema importância nos estudos das disciplinas oferecidas pela faculdade, adquirimos conhecimentos sobre as variadas Correntes de Pensamento Educacional, mas isso infelizmente é estudado em algumas disciplinas sem nenhuma aplicabilidade à prática escolar. Isso sempre foi a minha grande preocupação quando fosse delinear o perfil de educadora para atuar principalmente na sala de aula.
Percebo que o currículo do curso apresenta-se dissociado das questões direcionadas a temática de raça, gênero diversidade, juventude tanto pela insuficiência de disciplinas curriculares quanto pela a carência de debates em sala, seminários, palestras promovidas pela Universidade. Portanto, considero importante a disciplina de ETNOLAZER, CULTURA E ATOS DE CURRÍCULO, pois irá contribuir para mudanças na história da educação brasileira, uma vez que propõe ampliar o debate em um espaço acadêmico, onde se faz presente as relações de poder.
A universidade é um espaço por excelência onde podemos socializar, construir e reconstruir conceitos, métodos, abordagens sobre as nossas práticas sociais. Se dentro dela não conseguimos romper com o “casulo” , também não mudaremos nossa forma de pensar o mundo.
Para romper com os velhos paradigmas e com um modelo de ensino tradicional que leva muitos pedagogos não sair do “casulo”, é preciso que as mudanças na prática comecem dentro da universidade durante a nossa formação acadêmica.
Também não se pode negar que a escola ainda apresenta uma proposta pedagógica distante da realidade do educando, dessa forma recorre ao método de educação bancária (conteudista, currículo padronizado, carteiras enfileiradas, quadro, giz), onde há pouca interação e muita passividade do aprendiz. Além disso, a escola não valoriza e respeita a diversidade cultural levada pelos alunos.Talvez encontramos aí o motivo de tanta repetência, evasão e mau desempenho escolar, que distancia os alunos do ambiente escolar. O currículo escolar muitas vezes apresenta- se pronto, por sua vez não parte dos interesses e das necessidades dos alunos e tão pouco os mesmos participam da elaboração e escolha dos conteúdos trabalhados na escola. Esse modelo de educação pronto sujeita os alunos, os professores ao papel de copistas, receptores e reprodutores do conhecimento alheio.
A disciplina ETNOLAZER, CULTURA E ATOS DE CURRÍCULO com certeza vai ficar marcada na minha memória e na minha vida acadêmica e profissional, por ser a primeira e a única disciplina que conseguiu fazer algo que nenhuma outra fez: conciliar a teoria com a prática durante todo o semestre desenvolvendo um trabalho prazeroso, atraente e positivo. A disciplina veio mostrar que é possivel fazer um trabalho na escola sem colocar as culturas de forma estereotipada e fragmentadas como é é colocado "dia do indio", "dia da consciencia negra".
Além disso, a disciplina não reproduziu os formalismos e tradicionalismos da Academia, marcando os estudantes com a imposição de avaliações de forma arbitrárias como as “benditas” provas e apresentação de seminários, além disso não se restringiu apenas em propor debates dos textos cansativos, sem ao menos preocupar com o processo de aprendizagem de nós estudantes.
As reflexões sobre a disciplina de me ajudou : ampliar a visão sobre a minha formação acadêmica; cobrar mais em termos de ampliação de conhecimento; analisar como a “mal pratice” pode acarretar sobre os nossos alunos. Me ajudou principalmente a pensar que ser educador é estar realmente comprometido com o trabalho e não apenas diplomado para garantir uma vaga no mercado de trabalho. Ser educador é poder olhar os nossos sujeitos aprendentes com um olhar clínico, e poder acolher cada um deles possibilitando enxergar as particularidades e diversidades.
Clezilda Borges
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